quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Projeção na Kantuta!

DOMINGO, 29/11, A PARTIR DAS 19h20, entrada franca

Praça Kantuta recebe filme

sobre a imigração boliviana

Que tal curtir uma sessão de cinema ao ar livre e aproveitar para conhecer a Bolívia que existe dentro de São Paulo? A praça Kantuta, ponto de encontro da comunidade latino-americana (especialmente a boliviana) na cidade de São Paulo, terá no próximo domingo, dia 29, a partir das 19h20, a exibição de um documentário sobre a realidade dos bolivianos que imigram para o Brasil, chamado justamente “Kantuta”. O evento, organizado pelo projeto Cineviajero (cineviajero.blogspot.com), é voltado tanto para a comunidade boliviana quanto para os brasileiros. A exibição acontece ao ar-livre, e a entrada é franca. Antes da exibição, ocorrerá uma atividade folclórica chamada “Wallunka”, típica da região de Cochabamba. A praça Kantuta fica no bairro do Canindé, na confluência das ruas Pedro Vicente, Carnot e Olarias, próximo à estação Armênia do Metrô.

Sobre “Kantuta”

O cotidiano do líder comunitário e cronista Jorge Meruvia e o trabalho da rádio clandestina Infinita FM servem de fio condutor para este documentário sobre a imigração boliviana na cidade de São Paulo. Sob a narrativa poética de uma história de amor escrita por Jorge, a festa da independência boliviana na praça Kantuta (Canindé, São Paulo) e um dia chuvoso na praia de São Vicente se transformam em breves momentos de alívio contra uma rotina marcada por abusos, isolamento e pobreza.

Ficha técnica

Kantuta – Brasil, 2008

Documentário, 26 minutos

Argumento, roteiro e direção: Rodrigo Leite

Produção: Renato Candido

Fotografia: André Luiz

Som direto: Gustavo Nascimento

Montagem: André Luiz e Rodrigo Leite

Edição de som: Renato Candido

Produtora: CTR-ECA-USP

Participantes principais: Jorge Meruvia, Andrés Espinoza, Betsa Catarí, Edgar Gandarillas, Franklin Castro e Sabina Veyzaga

Contato: Rodrigo Leite – (11) 3672-1710; 9993-4084; rodrigomilk@uol.com.br

Sobre a praça Kantuta

A feira boliviana da praça Kantuta foi criada por volta de 2002, aproveitando um espaço urbano sem uso nos arredores do estádio do Canindé, e rapidamente se tornou um ponto de referência para a comunidade latino-americana em São Paulo, além de entrar gradualmente nos roteiros turísticos da capital paulista. As primeiras barracas se instalaram ali depois de serem desalojadas pela prefeitura do largo Padre Bento, no Pari, onde a comunidade costumava se reunir nos fins de semana. Administrada pela Associação Gastronômica, Cultural e Folclórica Boliviana Padre Bento, a feira boliviana oferece comidas típicas, artesanato, produtos característicos da Bolívia (como quinua e papalisa) e até serviços como barbeiro e fotógrafo. Ali acontecem também celebrações em datas cívicas da Bolívia e das suas regiões. A feira acontece todos os domingos, a partir das 15h.

A comunidade boliviana em São Paulo é uma das que mais crescem nos últimos anos, e estima-se que possa ter cerca de 50 mil integrantes (ou até 200 mil, segundo algumas fontes), embora muitos deles estejam em situação de clandestinidade.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cinema, capoeira e gripe porcina

Uma semana e meia de produção – justamente um intervalo paulistano – e saímos eu e André (aka King Kuã, aka Pouca-fé, aka Dedo) fazer o cineviajero por aí e por primeira vez.

Tomamos o caminho do sul, e com um nome de rua incerto na cabeça, fomos buscar o que decidiu-se como prelúdio das terras hermanas: conhecer os angoleiros sim sinhô de Floripa, e aí, quem sabe, entre uma vadiagem e outra, projetar sobre nosso lençol branco algo ao som do berimbau.

E foi num dia de Afoxé, conduzido pela visita de Mestre Môa do Katendê, com puxadas de rede e cantigas do mar, que o cineviajero estreou – e não poderia ser mais certeiro: Barravento. Se nessa capoeiragem todos já tinham visto e revisto a vida pela capoeira de Pastinha (um doc na manga que tínhamos para a ocasião), só de nome conheciam o longa de estréia de Glauber. E conhecer de vista foi bom. “Olha o mestre Canjiquinha ali!”, “Esse eu conheço, é o Boca de Ferramenta!” Ou: “Esse Pitanga é um traíra!” Porque não era só reconhecer os capoeiras das antigas, a adesão ao filme acontecia também nesse vai e vem das imagens agitadas pela contradição entre o enredo que faz do candomblé misticismo alienante, e o olhar que o afirma e enaltece.

Começamos com miradas novas para essas imagens, miradas de crianças catarinenses que tinham acabado de cantar a puxada de rede que depois viram com o Barravento soprando na tela... - Iê, viva o cinema novo! - Iê, viva o cinema novo, camará!



Porcina

E depois? Depois era Corrientes, província rebelde da Confederação Argentina, onde Ña Lucía nos esperava em sua E.F.A (escola rural da família agrícola) com seus alunos e uma semana de projeções. Mas não foi. Não foi porque o país dos boludos padeceu sob pesada ditadura da gripe “porcina”, como dizem por allá. Férias antecipadas e reuniões públicas proibidas. Foi rasteira bem dada pelo mais político vírus dos últimos tempos, parece que feito sob medida para abafar escândalos parlamentares e coibir o encontro, o espaço público. Em julho de 2009, na Argentina, a TV ganhou os olhares de solidões em quarentena e a direita as eleições de uma população com medo de abraços e apertos de mão.

O Encantamento do Cinema

As principais opções, hoje em dia, são as seguintes: Uma entrada em uma sala de cinema mais ou menos ordinária custa 16 reais, a menos que você tenha uma carteirinha de estudante falsa; o que se pode fazer também, comprar um pirata no camelô e assistir no espaço privado da sua casa; outra alternativa não tão freqüentada: mostras culturais de cinema, onde infelizmente filmes de poucos são transmitidos a poucos; por fim, se nenhuma dessas opções se tornar possível, chegamos à última, pegar um dubladão de Hollywood na globo.
A nós, nenhuma dessas opções agrada. E frente ao nosso desagravo, ensaiamos um gesto mínimo, mas para nós repleto de grandeza: nos munimos de duas mochilas, e resolvemos carregar nas costas o nem tão pesado fardo de levar o cinema até as pessoas. Na mochila cinza, um projetor, a peça central de todo o negócio, mais os seus respectivos cabos. Na mochila preta um amplificador, duas caixas de som, extensão. Ah, um lençol de casal, a nossa tela. Somente isso, e quatro pernas para levar mais de quarenta DVDs que partiram de São Paulo, Brasil, para se espalhar por todos os cantos.
A troca, sem dúvida, é muito mais profunda que simplesmente “passar uns filmes”. Apesar de ser, “simplesmente”, isso. Trata-se de conectar pessoas que deveriam saber umas das outras, através de documentários e filmes de ficção. Levar um documentário feito pelos índios Guarany-mbya do Brasil para os seus primos distantes do Paraguay, como aconteceu na nossa segunda sessão. Uns e outros se vendo na tela. Criar redes, trazendo através das imagens contribuições culturais e políticas aos mais variados contextos.
Mas o momento de armar os equipamentos é apenas um nó da teia que é o cine-viajero. Sem dúvida um nó importante, mas não o único. Quando dois jovens moradores da província de San Pedro, no Paraguay, copiam nossos vídeos para levar para as suas comunidades, ou quando somente lhes mostramos vídeos de capoeira, o que lhes abre as portas para o universo cultural brasileiro, o cine-viajero já está acontecendo. Quando anexamos filmes novos ao nosso repertório, de cineastas que nunca conseguiram divulgá-los e os levamos até onde pode existir um público interessado neles...
Apostamos no poder de encantamento do cinema: em um mundo superpovoado por imagens, cujo excesso mesmo termina por nos cegar, carregamos a bandeira da imagem relevante, da imagem como troca. Queremos encher de sentido a cumbuca da experiência do assistir, até ela derramar. Devolver o cinema à praça, onde ele começou e de onde nunca deveria ter saído; partilhar, a partir do chão em que se senta, o que ainda há para se ver. E testemunhar, sempre, o olhar que abre, nunca aquele que enclausura.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pra começar: Chaplin

Abrindo e bombando em quases todas as sessões. 90 anos. Novíssimo.